Atitude ESG, iniciativa editorial do Estadão

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Estadão Blue Studio

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Estadão

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Hora de valorizar
a atitude ESG

De tempos em tempos, novos termos surgem no mercado. Alguns desaparecem ou perdem força da mesma forma repentina com que surgem. Não é o caso do acrônimo ESG. Essas 3 letras, que significam, em inglês, Environmental, Social e Governance, trazem uma preocupação renovada com as questões ambientais, a responsabilidade social e a governança ética, justa e transparente e vieram para ficar.

Movimento ESG é consistente

O conceito ESG não surgiu de repente. Já convivíamos com o CSR (Corporate Social Responsability) e os pontos apregoados pelo Capitalismo Consciente, movimento criado por volta de 2003 por Raj Sisodia e John Mackey. Antes mesmo, por volta de 1994, o consultor inglês John Elkington criava o conceito Triple Bottom Line – Profit, People, Planet –, apregoando a necessidade de as empresas levarem em conta, não só o resultado financeiro, mas também as realizações em benefício das pessoas e do planeta. Daí o triple bottom line. Lucro, Pessoas e Planeta: estes eram os três pontos a serem considerados ao avaliar o resultado de uma empresa. Era o conceito ESG começando a ser desenhado. Mas o acrônimo ESG só surgiu no final de 2004, com o estudo capitaneado pela ONU e realizado coletivamente por 23 líderes de instituições financeiras internacionais. O estudo, chamado de “Who Cares Wins” (Quem cuida, vence) trouxe o conceito ESG e o apresentou ao mundo.

O que esses primeiros movimentos pregavam era uma mudança de postura das empresas, que deveriam focar não somente o bem dos seus shareholders (acionistas), mas, também, de todos os stakeholders, ou seja: colaboradores, fornecedores, revendedores, consumidores e a sociedade, como um todo. Mais recentemente, esse capitalismo consciente vem sendo chamado de Capitalismo de Stakeholder.

Bom para o planeta e para as pessoas. Bom para empresas.

Não seria por mera benemerência ou altruísmo que as empresas começavam a se preocupar com o bem da sociedade – e não só com o seu lucro. Primeiro, há estudos que demonstram que o lucro não está dissociado de uma atitude mais consciente e respeitosa com os stakeholders. Ao contrário, o que eles demonstram é que empresas mais conscientes, empáticas e respeitosas lucram mais. Mas há também a pressão da sociedade, que espera que as empresas tenham uma atitude mais empática e sensível, atuando com propósito e assumindo causas em benefício da sociedade. Clientes e consumidores mais conscientes cobram essa atitude das empresas, sob risco de as excluírem de suas escolhas.

O efeito financeiro catalizador

O que deu maior tração ao movimento ESG foi a posição firme de alguns fundos de investimentos, capitaneados pelo Black Rock, fundo que administra nada menos do que 10 trilhões de dólares. O Black Rock, seguido por outros fundos, declarou que só aceitará em seu portfólio empresas que apresentem resultados consistentes, não só na área financeira, mas também nas suas ações em sintonia com os princípios ESG. Isso foi o suficiente para mobilizar empresas de todos os tipos e portes para colocar em prática projetos de respeito ambiental, responsabilidade social e governança ética. Houve ainda resoluções de órgãos reguladores, que passaram a exigir das empresas relatórios consistentes de ações nas áreas não financeiras. É o caso das instituições financeiras, às quais o Banco Central exige a publicação do GRSAC – Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas; e as companhias abertas, que, de acordo com a resolução CVM 59, haverá maior rigor na apresentação de relatórios não financeiros (ambientais e sociais), que deverão ser auditados a partir de 2023. E, assim, como um tsunami do bem, essa onda vem impactando empresas de todo o mundo, pressionadas também pela sociedade, que, acompanhando o movimento, exigem essa postura como condição para investir e até para decidir pela compra de produtos e serviços. Ou seja, quanto mais a sociedade se conscientiza, mais esses pontos se tornam relevantes para as empresas.

O senso de urgência e Confiança nas empresas:

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o planeta está quase um grau mais quente do que estava antes do processo de industrialização.

O estudo aponta que os 20 anos mais quentes foram registrados nos últimos 22 anos. Com esses sinais evidentes do aquecimento global, causando desastres naturais sem precedentes; os impactantes movimentos sociais na luta contra o preconceito, pela redução da desigualdade e mais inclusão; e o desejo crescente por um mundo mais justo, ético e transparente; toda a preocupação com a responsabilidade ambiental e social, além da aplicação de uma governança mais eficiente ganhou senso de urgência, impelindo as empresas a fazerem sua parte, com atitude efetiva por um mundo melhor.

Confiança nas empresas

A pesquisa anual Trust Barometer, da Edelman, não deixa dúvidas: as empresas são a única instituição de confiança no Brasil. Nem ONGs, nem governos chegam a patamares mínimos de confiança. O governo teve apenas 39% de respondentes com alguma confiança (o índice mínimo é de 60% para garantir uma percepção de confiança). O índice de confiança nas ONGs chegou a 56%. As empresas passaram raspando, com 61%, mas é nelas que se deposita a última esperança de um mundo melhor. Se, por um lado, o empresariado pode se ufanar dessa percepção, por outro, deve se sentir pressionado pela responsabilidade de levar nas costas a carga de uma melhora do mundo que habitamos. Sim, a pressão é grande: a mesma pesquisa mostra que muitos esperam que as empresas preencham o vácuo deixado pelo governo. 68% dos respondentes declaram que os CEOs devem interceder quando os governos não resolvem os problemas da sociedade. 60% esperam que os CEOs tomem uma iniciativa proativa, sem aguardar que os governos ajam. E 54% acham que os CEOs devem prestar contas ao público e não somente à diretoria e acionistas das suas empresas. Do lado dos consumidores, a pressão é ainda maior: 73% dos consumidores acham que têm poder para forçar as corporações a agir. E a visão de dentro das empresas não é menos pressionadora: 71% dos empregados se julgam empoderados para forçar suas empresas a atuar em benefício da sociedade. Essa confiança tem um preço: as empresas precisam corresponder às expectativas, sob risco de serem preteridas pelos clientes e consumidores, sem falar nos colaboradores, principalmente os mais jovens, que privilegiam mais o propósito do que o dinheiro, na hora de decidir em que empresa trabalhar.

Os campos de atuação em sintonia com a agenda ESG

Na hora de planejar suas ações, as empresas têm levado em conta os 17 ODS, que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU na COP de Paris, em 2015, tendo como ano-limite 2030. Os ODS são os seguintes:

Um olhar regenerativo para os universos E, S E G.

Tudo começa com um bom diagnóstico, um assessment, com a empresa aplicando uma lente para cada vertente do universo ESG.

O lado E

Ao analisar a vertente E, ambiental, as principais variáveis consideradas são: Água (Consumo/ Uso racional, Equipamentos de redução de vazão, Captação água de chuva, Reuso); Energia (Fontes alternativas - Eólica/ Solar/ Biomassa -, Mercado Livre de Energia, Uso racional,Equipamentos de controle e redução de consumo); CO2 (Medição de pegada de CO2, Ações de redução, Compensação); Materiais (Origem, Otimização, Reutilização); Embalagens (Uso de materiais ambientalmente responsáveis, Reaproveitamento, Refil, Recicláveis/ Retornáveis) e Resíduos (Coleta seletiva, Reciclagem, 3 R’s - Reduzir, Reutilizar, Reciclar -, Compostagem).

O lado S

Para a vertente S, de Social, as variáveis mais relevantes são as seguintes: Diversidade (Atração de minorias sub-representadas, Seleção de colaboradores sem vieses, Preparação do ambiente para receber e respeitar a diversidade, Manual de ética e conduta em respeito à diversidade, Ações afirmativas); Equidade (Processos para aumento da participação feminina em funções de liderança, Processos para aumento da participação de segmentos minorizados - Negros, LGBTQIA+, PCDs, Indígenas -, Igualdade de oportunidades, Ações afirmativas); Inclusão (Ações afirmativas, Seleção de colaboradores sem vieses, Estrutura para PCDs, Questões étnico-raciais, Ampliação de faixas etárias, Comitês de diversidade); Respeito (Manual de ética e conduta, Treinamento e comunicação, Combate ao preconceito de qualquer ordem, Relações trabalhistas legais e respeitosas, Saúde e bem estar); Empatia (Canais abertos com stakeholders, Sensibilidade às necessidades de todos os envolvidos, Atenção especiais aos PCDs e minorizados, Ações humanitárias em benefício da sociedade, Materialidade) e Dignidade (Manutenção de ambiente respeitoso e digno, Regras de ética e de conduta, Tratamento igualitário).

O lado G

No caso da vertente o G, de Governança, as principais variáveis são: Ética (Regras claras de convivência e princípios, Missão, Visão e Valores claros e disseminados entre os colaboradores e stakeholders, Justiça e tratamento igualitário); Transparência (Regras de governança compartilhadas entre todos os stakeholders, Comunicação assertiva, Relatórios consistentes, Relações abertas com a mídia e stakeholders, Evitar Greenwashing/ bluewashing, Canal de denúncia e de sugestões); Legalidade (Todas as relações sustentadas por contratos claros, Sem condescendência com “jeitinhos” e chicanas, Combate à corrupção de qualquer ordem, Relações trabalhistas formais); Compliance (Observância estrita às regras de condução de negócios e relações, Desvios de conduta inaceitáveis, mesmo quando supostamente beneficiem a empresa); Equidade (Tratamento igualitário e respeitoso, independente do gênero ou da posição profissional, Oportunidades de ascensão profissional para todos, Ações afirmativas em prol da equidade) e Stakeholders (Conhecimento e canais abertos com todos os públicos de interesse: Colaboradores, Fornecedores, Revendedores, Terceirizados, Consumidores, Clientes, Mídia, ONGs, Governo, Influenciadores etc, Mapeamento de stakeholders, Engajamento de todos, Para ser bom para a empresa, precisa ser bom para as demais partes interessadas).

A devida visibilidade a quem já está praticando

O projeto Atitude ESG permite a visibilidade às iniciativas de empresas que já estão atuando em sintonia com os princípios ESG. Não importa se ainda parcialmente, focada em apenas uma ou duas vertentes, desde que gere impacto positivo na sociedade e contribua com um ou mais ODS, é justa e pertinente a divulgação. É também uma forma de provocar benchmarking e estimular outras empresas a desenvolverem seus projetos.