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Estadão em parceria com Rolex
Expedição estuda a abundante vida marinha de Galápagos Cientistas e comunidade local se unem pela proteção ambiental

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Um dos palcos naturais mais biodiversos do mundo, que não por acaso ajudou a inspirar o cientista inglês Charles Darwin a construir a Teoria da Evolução em meados do século 19, é um exemplo atual de como a preservação dos ecossistemas depende, entre outros fatores, da união de cientistas e comunidades locais, caminhando lado a lado para que o desenvolvimento sustentável se estabeleça em bases sólidas.

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Sylvia Earle, embaixadora Rolex e fundadora da Mission Blue, em frente ao submersível DeepSea. Em 2022, ela liderou uma expedição ao Hope Spot das Ilhas Galápagos.

Este ano se comemora os 25 anos da criação da Reserva Marinha de Galápagos, fruto do trabalho e do esforço de pessoas apaixonadas pela região, entre elas, a cientista, exploradora marinha e embaixadora da Rolex desde 1982, Sylvia Earle. Desde 1966, ela passou a visitar o arquipélago que pertence ao Equador. E rapidamente se entendeu por que Galápagos havia encantado Darwin – a descrição minuciosa que ele faz das grandes tartarugas da região é primorosa. O problema é que nos últimos 60 anos, não apenas o turismo predatório, a pesca comercial indiscriminada como também as mudanças climáticas e a poluição dos oceanos pelos plásticos começaram a afetar bastante as espécies marinhas do arquipélago localizado na costa pacífica da América do Sul.

Não à toa, em 2010, Galápagos tornou-se um dos primeiros Hope Spots (locais de esperança) do mundo do projeto Mission Blue, entidade sem fins lucrativos, fundada em 2009, cuja meta é criar uma rede mundial de áreas a serem protegidas por abrigar ecossistemas marinhos de importância vital. Essa organização de proteção da vida marinha é apoiada pela Rolex dentro da sua Iniciativa Perpetual Planet – projeto que busca manter vivo o legado de Hans Wilsdorf, o próprio fundador da Rolex, que desejava que o planeta fosse perpétuo. A Rolex, nesse contexto, vem apoiando expedições para as mais variadas áreas do planeta, desde os Andes, as regiões polares e até na Amazônia.

No caso de Galápagos, no ano passado, sob os auspícios da Iniciativa Perpetual Planet, Earle e uma grande equipe de pesquisadores voltaram a estudar a fundo a região, por meio de uma expedição científica que durou duas semanas. A Reserva Marinha de Galápagos, criada em 1998, protege uma área de 133 mil quilômetros quadrados de extensão.

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Sylvia Earle e Salome Buglass descem no submersível DeepSea em busca de algas marinhas profundas que podem ser novas para a ciência, durante a expedição Mission Blue Galápagos em 2022.

Durante a expedição, a equipe avaliou as condições da população de tartarugas, mapeou as trilhas usadas pelos pinguins para se alimentar nas colônias e mediu os níveis de microplásticos na água. A variedade dos trabalhos de campo foi bastante ampla, mas Sylvia Earle afirma que são passos essenciais para que as pessoas, “pensem como um oceano” ― e possam, dessa forma, reconhecer que os ecossistemas estão todos conectados e que não há barreiras que separam a vida marinha do resto do meio ambiente. O estudo abrangente reforça a importante convivência entre comunidades locais e cientistas.

O hoje pescador artesanal Manuel Yépez começou a se aventurar nos mares da região quando criança, ao lado do pai. Por causa da abundância do pescado na época, era fácil encher em poucas horas o pequeno barco de madeira que eles usavam com quilos e quilos de garoupa. Os anos se passaram e a pesca escassa fez o morador da ilha partir para atividades ilegais, como a pesca de tubarão, antes de tudo mudar de vez. Hoje, Yépez é um dos maiores defensores da preservação de Galápagos. Tanto que ele apoia, com registro, coletas e informações, os cientistas que estudam a região. O grande objetivo dos moradores locais nos últimos anos é ajudar Galápagos a ter um desenvolvimento sustentável, a favor dos moradores, turistas e pescadores que trabalham na região.

Alex Hearn, ecologista e pesquisador da Universidade de San Francisco de Quito, foi uma das pessoas que Yépez ajudou. Hearn foi um dos líderes da expedição do ano passado e conheceu o pescador local em 2015. Ao longo dos anos, eles desenvolveram uma boa amizade e hoje são co-defensores do Hope Spot de Galápagos. A experiência local de Yépez também foi importante para a expedição de estudos liderada por Sylvia em 2022.

Yépez e Hearn participaram da expedição inserindo etiquetas de identificação em espécies de tubarão-tigre, coletando dados sobre várias outras espécies de tubarão e até delimitando áreas com potencial para o crescimento seguro de filhotes. Hearn usou ainda sistemas inovadores de vídeo para explorar a vida marinha e avaliar os níveis populacionais de várias espécies já esquecidas, como os cavalos-marinhos e os crustáceos decápodes. Esses dados servirão de base para outras pesquisas e ajudarão os conservacionistas a monitorarem o progresso da vida marinha em todo o arquipélago. “Para que nós possamos realmente entender o que está acontecendo na reserva, precisamos primeiro compreender as tendências populacionais de algumas das principais espécies que temos”, afirma o cientista equatoriano.

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Salome Buglass (centro), cientista marinha da Estação de Pesquisa Charles Darwin, e colegas, se preparam para um mergulho durante a expedição Mission Blue Galápagos em 2022.

Um dos momentos chaves da expedição, relatado pelos pesquisadores, foi quando a equipe de mergulhadores conseguiu encontrar um bosque de algas em frente à costa ocidental da ilha Fernandina. “As algas são consideradas tradicionalmente espécies de águas temperadas e frias, o que não é o caso muitas vezes em Galápagos”, explicou Salomé Buglass da Fundação Charles Darwin. “Porém, aqui na parte ocidental do arquipélago, graças às águas frias da corrente de Cromwell, encontramos populações excepcionais de algas marinhas tropicais. Por causa do submergível usado pela equipe – e o fato de a tecnologia de ponta ser sempre presente é algo que Sylvia não abre mão – conseguiu-se estudar por mais tempo e em profundidades maiores o fundo do mar até chegar aonde estavam as algas.

Segundo Salomé, os pesquisadores não estavam seguros de que os bosques ainda estivessem por lá. “Temíamos que eles tivessem sido extintos na onda de calor oceânica registrada em 1982 durante um forte fenômeno El Niño.” As Kelps de Galápagos, como são conhecidas as macroalgas identificadas pelos pesquisadores, são as maiores espécies do grupo encontradas na região. “Como as amostras que conseguimos coletar será possível estudar mais a fundo a biologia dessas misteriosas algas marinhas”, ratifica Salomé.

Ao avançar, o conhecimento científico também precisa gerar informações para toda a sociedade, de forma simples e objetiva. Esse também é um dos grandes objetivos do Mission Blue apoiado pela Rolex e sua Iniciativa Perpetual Planet e compartilhado por todos que participaram da expedição. Yépez, por exemplo, é um dos que compartilha essa vontade de querer deixar para as gerações futuras não apenas um ecossistema protegido, mas os conhecimentos necessários para mantê-lo preservado por séculos. Para o habitante de Galápagos, alcançar o que ele almeja inclui falar especialmente às comunidades de pescadores locais que ainda vão atrás das garoupas, como ele fazia na infância ao lado do pai. “O arquipélago é um lugar deslumbrante, lar de uma comunidade de pessoas e de animais. Todos precisam coexistir”, ensina.

Confira os vídeos da Expedição:

Mission Blue: Expedição Galápagos – Ep. 1


Mission Blue: Expedição Galápagos – Ep. 2


Mission Blue: Expedição Galápagos – Ep. 3