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Introdução ao estudo

Bares e restaurantes no Brasil:
diagnóstico e iniciativas

Levantamento inédito revela que o setor injeta bilhões na economia e detalha ações para garantir a sustentabilidade dos negócios

Os bares e restaurantes, símbolos de convivência e tradição no Brasil, enfrentam desafios históricos para sobreviver e prosperar. Um estudo inédito da Fundação Getulio Vargas (FGV), realizado sob encomenda da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), mostra a profundidade desses obstáculos e apresenta um diagnóstico abrangente, além de um plano de ação para reestruturar o setor.

Segundo os dados do levantamento, o segmento conta com 1,38 milhão de estabelecimentos em atividade e movimenta R$ 416 bilhões anuais na economia, empregando 4,94 milhões de brasileiros, o que equivale a 7,9% do mercado de trabalho no País. Entretanto, a informalidade, as margens de lucro apertadas e os reflexos persistentes da pandemia são gargalos que desafiam a sustentabilidade das empresas.

“Estamos vivendo um desafio enorme. A pandemia trouxe não apenas dificuldades operacionais, mas um estoque de dívidas impagável. Quatro em cada dez estabelecimentos estão em situação de inadimplência. Esse estudo é um marco para organizarmos esforços e propormos soluções para o setor que mais emprega no Brasil”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

… precisamos de políticas públicas que incentivem a formalização e reduzam a carga tributária para garantir a sustentabilidade desses negócios.

Paulo Solmucci Júnior, presidente da Abrasel

Números impressionam
Além do impacto econômico direto, o estudo aponta que cada gasto de R$ 1 mil em bares e restaurantes gera R$ 3.650 na economia brasileira, considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos. Esse efeito multiplicador reforça a relevância do setor não apenas para o consumo, mas para toda a cadeia produtiva.

O levantamento ainda revela que o setor é responsável por 5,3% da massa salarial nacional, somando R$ 107 bilhões por ano, o que reflete a capacidade de geração de renda e a relevância do segmento para milhões de famílias brasileiras. O estudo também indica que, para cada mil empregos gerados diretamente no setor, outros 2.250 postos de trabalho são criados de forma indireta em outras áreas da economia.

Apesar disso, o setor apresenta um índice preocupante de informalidade: 41% dos trabalhadores não têm registro formal. “Vivemos um círculo vicioso de alta informalidade, dificuldade de qualificação da mão de obra e baixa produtividade. Precisamos de políticas públicas que incentivem a formalização e reduzam a carga tributária para garantir a sustentabilidade desses negócios”, defende Solmucci.

Plano de restauração
Com base no diagnóstico apresentado, a Abrasel lançou um Plano Nacional de Restauração, estruturado em três frentes principais: gestão e estratégias, condições financeiras e tributação. Entre as medidas propostas, destacam-se a capacitação e digitalização, com foco na qualificação de trabalhadores e na modernização tecnológica para aumentar a eficiência e reduzir desperdícios.

No campo tributário, a desoneração da folha de pagamento e a simplificação de impostos visam incentivar a formalização e aliviar os custos das micro e pequenas empresas. Na área financeira, o plano prevê a ampliação de linhas de crédito específicas e a renegociação de dívidas fiscais, medidas que buscam estabilizar o fluxo de caixa e garantir a sobrevivência dos negócios.

Outro ponto crucial é a inclusão das comunidades. A Abrasel já atua em seis favelas, promovendo associativismo e inclusão econômica. “Nas favelas estão milhares de empreendedores e boa parte da nossa mão de obra. Queremos ser parte dessas comunidades e construir um Brasil mais justo”, afirma Solmucci.