A sobrevivência dos oceanos está integralmente ligada à preservação da vida humana no planeta. Os ciclos naturais que disponibilizam oxigênio para o ser humano respirar podem ser interrompidos se os ecossistemas marinhos pararem de funcionar. Manter a saúde dos mares não é, portanto, uma questão de opção, mas de necessidade. Dados compilados por sérios estudos realizados em várias partes do mundo mostram, por exemplo, que os recifes de coral – ecossistemas essenciais para a manutenção da vida marinha – estão sob forte ameaça, tanto pelas ações humanas quanto por causa das mudanças climáticas globais.
Felizmente, é possível transformar esse contexto, como mostra o documentário "Heroes of the Oceans". Sem deixar de retratar a dura realidade da destruição marinha, o documentário (produzido pela BBC Studios' Science Unit exclusivamente para a Rolex como parte da iniciativa Perpetual Planet e lançado em 2021) é uma ode à real possibilidade de preservação dos mares. A produção, que foi disponibilizada também no site rolex.org, mostra o trabalho entusiasmado e sensível que vários cientistas têm realizado, ao redor do mundo, em prol da preservação dos oceanos. Pois, quanto melhor a ciência entender todas as conexões existentes sob as águas salgadas, mais informações serão acumuladas abrindo, assim, caminhos para que a preservação de todo tipo de vida do globo seja uma realidade, priorizada por governos e sociedades.
Uma das trajetórias narradas no documentário da Rolex/BBC é a da pesquisadora Emma Camp. Bióloga marinha da Universidade de Tecnologia de Sydney e laureada Rolex em 2019, ela estuda a Grande Barreira de Corais da Austrália – a maior estrutura viva do planeta vista do espaço. Emma nasceu em uma região urbana da Grã-Bretanha, mas se encantou pelo universo marinho quando, aos 6 anos de idade, durante umas férias, foi levada pelo pai para mergulhar com snorkel num país tropical. “Era um mundo completamente novo lá embaixo. Fiquei impressionada. Foi aí que me apaixonei pelos recifes. Achei aquilo fascinante”, afirma. Hoje, um dos trabalhos da cientista é tentar entender como alguns corais, em regiões específicas da Austrália, estão conseguindo ser resilientes e continuar a crescer mesmo em condições pouco ideais – ou seja, em águas mais quentes e ácidas.
São essas transformações que estão sendo investigadas em vários biomas do planeta, como mostra o documentário "Heroes of the Oceans". Na Antártida, por exemplo, o francês especialista em bioacústica Michel André, laureado dos Prêmios Rolex em 2002, está interessado em proteger um dos ambientes do planeta mais preservados da poluição sonora.
Desde criança interessado no som dos oceanos, o hoje professor da Universidade da Catalunha, na Espanha, chegou a se mudar, no início do século, para as ilhas Canárias. Por meio de uma tecnologia montada por ele, conseguiu-se criar um sistema que avisa os comandantes dos grandes navios sobre possíveis colisões com as grandes cachalotes (espécie de baleia), muito comuns naquela região do globo.
Nas últimas duas décadas, os microfones e sistemas de alerta se espalharam pelo mundo e pelos mais variados ecossistemas, inclusive na Amazônia brasileira.
O sistema criado pelo especialista, que também descobriu que as baleias estavam perdendo a audição por causa do barulho existente no fundo do mar, pode ser explicado a partir do desenvolvimento de três etapas, como ele mesmo descreve. O primeiro passo é o desenvolvimento de microfones sensíveis e robustos adequados aos seus arredores – seja o fundo do mar, uma floresta tropical ou um deserto. Com os equipamentos certos em funcionamento, é possível monitorar e interpretar continuamente sons naturais e humanos usando inteligência artificial e aprendizado de máquina para, então, criar em tempo real avisos sobre a ocorrência de sons que indicam uma ameaça à natureza de origem humana e de outras origens.