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Estadão em parceria com Rolex
EMMA CAMP, SYLVIA EARLE E Michel André HERÓIS DOS OCEANOS Heróis da vida marinha Cientistas rumo ao ponto de virada da preservação dos oceanos

A sobrevivência dos oceanos está integralmente ligada à preservação da vida humana no planeta. Os ciclos naturais que disponibilizam oxigênio para o ser humano respirar podem ser interrompidos se os ecossistemas marinhos pararem de funcionar. Manter a saúde dos mares não é, portanto, uma questão de opção, mas de necessidade. Dados compilados por sérios estudos realizados em várias partes do mundo mostram, por exemplo, que os recifes de coral – ecossistemas essenciais para a manutenção da vida marinha – estão sob forte ameaça, tanto pelas ações humanas quanto por causa das mudanças climáticas globais.

Felizmente, é possível transformar esse contexto, como mostra o documentário "Heroes of the Oceans". Sem deixar de retratar a dura realidade da destruição marinha, o documentário (produzido pela BBC Studios' Science Unit exclusivamente para a Rolex como parte da iniciativa Perpetual Planet e lançado em 2021) é uma ode à real possibilidade de preservação dos mares. A produção, que foi disponibilizada também no site rolex.org, mostra o trabalho entusiasmado e sensível que vários cientistas têm realizado, ao redor do mundo, em prol da preservação dos oceanos. Pois, quanto melhor a ciência entender todas as conexões existentes sob as águas salgadas, mais informações serão acumuladas abrindo, assim, caminhos para que a preservação de todo tipo de vida do globo seja uma realidade, priorizada por governos e sociedades.

“Acho que todos nós, na infância, damos os primeiros passos no mundo como exploradores — e algumas pessoas continuam assim pelo resto da vida. Meu primeiro contato com o oceano foi aos três anos de idade, quando uma onda me derrubou. Desde essa ocasião, o oceano nunca deixou de me fascinar.” - Sylvia Earle

Uma das trajetórias narradas no documentário da Rolex/BBC é a da pesquisadora Emma Camp. Bióloga marinha da Universidade de Tecnologia de Sydney e laureada Rolex em 2019, ela estuda a Grande Barreira de Corais da Austrália – a maior estrutura viva do planeta vista do espaço. Emma nasceu em uma região urbana da Grã-Bretanha, mas se encantou pelo universo marinho quando, aos 6 anos de idade, durante umas férias, foi levada pelo pai para mergulhar com snorkel num país tropical. “Era um mundo completamente novo lá embaixo. Fiquei impressionada. Foi aí que me apaixonei pelos recifes. Achei aquilo fascinante”, afirma. Hoje, um dos trabalhos da cientista é tentar entender como alguns corais, em regiões específicas da Austrália, estão conseguindo ser resilientes e continuar a crescer mesmo em condições pouco ideais – ou seja, em águas mais quentes e ácidas.

A dedicação de cientistas como Emma e de vários outros que estão voltados para espécies como raias e tubarões, além de regiões específicas sensíveis do planeta, como as polares, não deixa de ter um lado lúdico, como sempre afirma a pioneira Sylvia Earle. “Acho que todos nós, na infância, damos os primeiros passos no mundo como exploradores - e algumas pessoas continuam assim pelo resto da vida. Meu primeiro contato com o oceano foi aos 3 anos de idade, quando uma onda me derrubou. Desde essa ocasião, o oceano nunca deixou de me fascinar.” Embaixadora Rolex desde 1982, a exploradora norte-americana é fundadora da Mission Blue, organização empenhada em criar Hope Spots - áreas protegidas espalhadas pelos quatro cantos do planeta - e em preservar as regiões onde o oceano está mais ameaçado. A fantástica história da carreira de Sylvia é tema do documentário "Mission Blue", realizado pela Netflix e vencedor de um Emmy Award. Ao longo de várias décadas dedicadas ao mar – em 1979, usando um traje pressurizado conhecido como JIM Suit, ela bateu o recorde mundial de mergulho autônomo, descendo a 381 metros de profundidade durante uma expedição ao fundo do Oceano Pacífico -, a exploradora testemunhou as terríveis mudanças ambientais registradas pela ciência.

São essas transformações que estão sendo investigadas em vários biomas do planeta, como mostra o documentário "Heroes of the Oceans". Na Antártida, por exemplo, o francês especialista em bioacústica Michel André, laureado dos Prêmios Rolex em 2002, está interessado em proteger um dos ambientes do planeta mais preservados da poluição sonora.

Desde criança interessado no som dos oceanos, o hoje professor da Universidade da Catalunha, na Espanha, chegou a se mudar, no início do século, para as ilhas Canárias. Por meio de uma tecnologia montada por ele, conseguiu-se criar um sistema que avisa os comandantes dos grandes navios sobre possíveis colisões com as grandes cachalotes (espécie de baleia), muito comuns naquela região do globo.

Nas últimas duas décadas, os microfones e sistemas de alerta se espalharam pelo mundo e pelos mais variados ecossistemas, inclusive na Amazônia brasileira.

“Os seres humanos perderam a capacidade de ouvir a natureza e as mensagens que ela transmite através dos sons. Temos, hoje, a oportunidade de entender o que precisa ser feito para não prejudicarmos o futuro do nosso mundo” - Michel André, especialista em bioacústica

O sistema criado pelo especialista, que também descobriu que as baleias estavam perdendo a audição por causa do barulho existente no fundo do mar, pode ser explicado a partir do desenvolvimento de três etapas, como ele mesmo descreve. O primeiro passo é o desenvolvimento de microfones sensíveis e robustos adequados aos seus arredores – seja o fundo do mar, uma floresta tropical ou um deserto. Com os equipamentos certos em funcionamento, é possível monitorar e interpretar continuamente sons naturais e humanos usando inteligência artificial e aprendizado de máquina para, então, criar em tempo real avisos sobre a ocorrência de sons que indicam uma ameaça à natureza de origem humana e de outras origens.

    “Agora, podemos ouvir a natureza de qualquer lugar do mundo. Do conforto de nossas casas é possível acessar os sons da floresta tropical na Amazônia, os sons do Ártico ou da Antártica. Podemos ir para a África, podemos mergulhar, podemos ir a qualquer lugar, tudo ao mesmo tempo”, explica o cientista, um dos "Heroes of the Oceans" retratados no filme - que também cita exemplos inspiradores do Peru, do Chile, da França e das Ilhas Seychelles.
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