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Estadão em parceria com Rolex
Pablo Borboroglu Em defesa dos pinguins Projeto do biólogo Pablo García Borboroglu já beneficiou 1,6 milhão dessas aves
Fotos: ©Rolex/Diego Bresani

Nos anos 1980, a cena era comum. Derramamentos de petróleo costumavam atingir as praias da Patagônia argentina. Não era raro milhares de pinguins morrerem por causa dos desastres ambientais. Estimativas daquela época indicam que aproximadamente 40 mil animais chegaram a morrer por ano. Eram cenas que impressionavam os pesquisadores de forma permanente.

“Quando soltei o primeiro [pinguim] na natureza, tive um estalo: percebi que iniciativas individuais podiam ter um impacto enorme. Foi aí que comecei a pensar em ações mais amplas” - afirmou o biólogo Pablo García Borboroglu, um jovem estudante na época.

Algumas décadas depois, hoje com um pouco mais de 50 anos, o pesquisador argentino transformou-se em um dos maiores defensores dos pinguins e da vida marinha do mundo. Fundador e presidente da Global Penguin Society, Borboroglu comanda uma equipe cujo grande objetivo é transformar um cenário ainda preocupante, apesar de todo o discurso a favor do meio ambiente dos últimos anos. A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), por meio das pesquisas feitas em vários países, avalia que mais da metade das 18 espécies de pinguins existentes nos oceanos esteja ameaçada de extinção.

Fotos: ©Rolex/Tomas Bertelsen
“Os pinguins são excelentes indicadores da saúde dos oceanos, pois são sensíveis a todas as alterações em seu habitat. As aves enfrentam ameaças não apenas na terra, quando constroem seus ninhos, mas também quando nadam milhares de quilômetros no oceano em busca de alimentos ou durante migrações. Portanto, estão expostas a ameaças como mudanças climáticas, poluição e má gestão da pesca. Porém, na terra, perturbações causadas pelos seres humanos ou a introdução de novos predadores também as afetam”,
afirma o cientista argentino, hoje radicado nos Estados Unidos, onde conduz suas pesquisas.
Foto: ©Rolex/Tomas Bertelsen

O trabalho do biólogo, além de vários outros prêmios importantes, também foi reconhecido pelos Prêmios Rolex de Empreendedorismo, em 2019 – a importante premiação existe desde 1976.

O trabalho desenvolvido pela Global Penguin Society é estruturado sobre três pilares: ciência, educação e manejo das espécies e dos habitats onde os pinguins vivem. Os estudos científicos estão focados em espécies específicas que vivem na Argentina, no Chile e na Nova Zelândia. Quanto mais se conhece a ecologia das comunidades dessas aves, mais se conseguem ferramentas eficazes para protegê-las.

Fotos: ©Rolex/Tomas Bertelsen

O trilho da educação tem como norte a mobilização de estudantes argentinos e chilenos – os pinguins estão muito presentes no sul desses dois países, regiões relativamente próximas da Antártida – para que eles sejam agentes de preservação. O trabalho envolve levar os alunos para o campo, para eles conhecerem as colônias de aves e organizarem mutirões de coleta de lixo nas praias. Milhares de crianças e jovens já fizeram isso.

O terceiro pilar é construído em conjunto com proprietários de terra e governo. Borboroglu trabalha na costura da criação de Áreas Marinhas Protegidas em regiões usadas pelos pinguins para alimentação e construção dos ninhos.

“Ao preservar os pinguins, preservamos a vida marinha. Vale lembrar que os oceanos são extremamente importantes para a qualidade da vida no planeta, pois provêm alimentos e oxigênio e regulam o clima. Este projeto é essencial para tratar dos principais problemas ambientais, e essa é uma questão que diz respeito ao mundo inteiro."

De acordo com as estimativas da Fundação administrada pelo cientista da Argentina, o trabalho desenvolvido por ele e seus colaboradores beneficiou 1,6 milhão de pinguins e ajudou na proteção de 32 milhões de hectares de habitats.

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