Com taxa de juros mais baixa, aumenta a oferta de crédito na praça

Pelo alto valor do bem, perto de 90% das vendas de caminhões feitas no País envolve algum tipo de financiamento. Em passado recente, a torneira da liquidez fechou com a crise, o aumento da inadimplência e a falta de confiança, derrubando os negócios de 170 mil unidades em 2011 para 50 mil em 2016.

De dois anos para cá, o cenário vem apresentando novo fôlego e, com ele, aumento no crédito para compra de veículos, além de contínua queda da taxas de juros. O mais recente balanço da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) revela aumento significativo em recursos liberados no primeiro semestre do ano ao somar R$ 72 bilhões em crédito contra R$ 58 bilhões no acumulado do mesmo período do ano passado, uma variação positiva de 24%.

Depois a taxa média de juros mensal praticada no período pelos bancos das fabricantes, de 1,3%, foi bem mais competitiva que a encontrada no mercado em geral, de 1,6%.

Modalidades de financiamentos

Com crédito mais fácil e crescendo torna o financiamento atraente para trocar de caminhão ou adquirir um novo. Cabe, no entanto, entender as diversas modalidades ofertadas para decidir pela a que melhor convém ao interessado.

Finame: linha de crédito específica para a compra de caminhões oferecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os principais benefícios são a isenção de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e parcelas que diminuem ao longo do financiamento. Atualmente o programa atua a partir de duas opções de taxas de juros: TLP, Taxa de Longo Prazo, e TFB, Taxa Fixa do BNDES.

O acesso ao Finame ocorre habitualmente por meio de instituições financeiras credenciadas pelo BNDES, na prática quase a totalidade dos bancos comerciais do País, o que inclui os das montadoras. O banco analisa e aprova o financiamento e solicitação aprovação do BNDES.

Crédito Direto ao Consumidor (CDC): é uma modalidade bem mais simples e com acesso direto no banco que for conveniente a quem procura um financiamento. Taxas de juros e prazos de financiamento  costumam ser atraentes. O balanço da Anef do primeiro semestre mostra a mudança no comportamento. No período, a representatividade do CDC nas transações de veículos comerciais foi 44% contra os 27% registrados nos seis primeiros meses do ano passado, enquanto o Finame, que tinha 55% passou a ter 37% na mesma base de comparação.

“As modalidades seguiam estáveis há muitos anos e, neste semestre, sofreram grandes modificações por conta das mudanças estruturais promovidas pelo governo, como a queda da taxa de juros e alterações nas condições praticadas pelo BNDES”, conta Ruy Meirelles, vice-presidente da Anef. “Essas medidas, consequentemente, geraram forte migração do Finame para o financiamento CDC, mais acessível. Mas é importante destacar que o Finame continua importante em função da disponibilidade de prazos mais longos e períodos de carência”, pondera.

Pelo CDC, a instituição financeira empresta o recurso para a compra do caminhão para pagamento em até 60 meses, na maior parte das ofertas. Ao contrário do Finame, o veículo é registrado no nome do comprador, o responsável pelo empréstimo. A modalidade, porém, permite pagamento de parcelas adiantadas, o que possibilita abatimento nos juros.

Um outro benefício do CDC, oferecido por alguns bancos – inclusive os de montadora, é o plano de financiamento que possibilita o pagamento de parcelas com valor reduzido durante os 12 primeiros meses do contrato, o que proporciona tranquilidade aos clientes que estão iniciando e estruturando o negócio.

Aluguel e Terceirização de Frotas: esta solução é o modelo ideal para quem não quer se preocupar com as questões burocráticas inevitáveis para quem opta pela posse de um caminhão e/ou frota. Este serviço permite que o cliente pague pelo uso do veículo, enquanto todas as questões que envolvem documentação, seguro, manutenção e, nos casos de mais de um caminhão, a gestão da frota e desmobilização dos veículos, ficam por conta da empresa prestadora do serviço de aluguel.

Este tipo de serviço vai ao encontro da necessidade cada vez mais latente de se facilitar a mobilidade urbana e oferecer facilidade aos clientes, que podem então dedicar a maior parte do seu tempo ao seu core business, visto que acompanha por meio de relatórios gerenciais as informações relevantes sobre sua frota.  

Consórcio: modalidade ideal para quem não precisa de urgência do caminhão, mas está se programando para trocar ou adquirir um. Prazos mais longos, algumas instituições oferecem 96 meses para pagar, e taxas de administração de 9% a 15% do total financiado. “O consórcio, além de tornar viável o objetivo desejado, proporciona economia nos custos finais e com possibilidade de pagamento das parcelas dentro do orçamento em virtude de prazos mais longos”, resume Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).

Antes de decidir pelo financiamento mais adequado, vale ao interessado fazer uma simulação de acordo com os objetivos e as próprias condições de pagamento.