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Correlação de SST e produtividade é evidente para o economista Luiz Fernando Mendes: "Não há dúvida nenhuma de que, quando combato acidentes, eu melhoro a produtividade".

Como segurança e saúde no trabalho estão intimamente ligadas a pradutividade

Quebra de paradigma. Foi assim que Haruo Ishikawa, presidente do Seconci-SP, vice-presidente do Sinduscon-SP e um dos moderadores do segundo painel do V Encontro Nacional Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção, classificou o debate sobre gestão de SST e produtividade no setor.

O ineditismo apontado por Ishikawa se refere à correlação entre os dois temas, que, em uma visão mais conservadora, seriam antagônicos: “Sou do setor produtivo, engenheiro civil, tocador de obra. Sei que, com qualquer acidente que aconteça em uma obra, você pode esquecer a produtividade. Acabou. Em uma empresa pequena, você não consegue repor uma pessoa que se acidenta. Na empresa grande se cria um fator psicológico negativo. A SST está muito ligada à questão da produtividade”.

A experiência de quem vive o canteiro de obras encontra eco nos estudos publicados no segundo capítulo do livro “Segurança e Saúde na Indústria da Construção – Prevenção e Inovação”, iniciativa da CBIC em correalização com o Sesi Nacional, que nortearam os debates do painel. “Muito se diz que SST é considerado pelo empresário como um custo, um problema, um procedimento a mais que ele tem de adotar e que atrasaria o processo produtivo. Colocaria a qualidade da produção em risco. A ideia aqui é provar empiricamente, tecnicamente, que não”, explica Fernando Guedes Ferreira Filho, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC.

Neste sentido, uma gestão de SST competente e planejada se torna uma aliada importante para garantir a produtividade de uma empresa. “Do ponto de vista de planejamento de uma obra, se você tem uma gestão de SST implantada, evita desperdícios, perdas, adoecimento do trabalhador, garantindo o resultado”, lembra a engenheira civil Ligia Correa, especialista em SST da CBIC.

A engenheira Ligia Correa participou de painel elogiado por quebrar um paradigma: "A produtividade era alavancada pelo maior insumo da construção, que é a mão de obra. Só que tínhamos muito mais exposição, muito mais risco e muito mais acidentes".

Para André Ferro, economista e consultor da entidade, a correlação entre aumento de acidentes e redução de produtividade é evidente: “Existe uma série de pesquisas que traça essa correlação e mostra o nível de produtividade da economia, principalmente nos países europeus. Sempre que há um aumento nos acidentes de trabalho, a produtividade caminha no sentido inverso. No Brasil, essa tendência também é observada”.

Ferro ainda alertou para os perigos da decisão de não dar prioridade à gestão de SST: “Equivale a olhar de forma míope. Se você olhar para produtividade sem se preocupar com SST, é a mesma coisa que um míope que tira os óculos. É uma visão distorcida, equivocada e que vai levar você a erro”.

Luiz Fernando Mendes, responsável pela assessoria econômica da CBIC, esclareceu o motivo de ter sido registrada queda de produtividade no setor nos últimos anos, mesmo que o número de acidentes tenha também caído. Mendes explicou essa estatística que, aparentemente, contradiz a correlação entre gestão de SST e produtividade.

Mendes destacou que, entre os três setores da indústria da construção, o que teve produtividade negativa foi o de serviços (obras de infraestrutura e construção de edifícios tiveram bons resultados). O segmento com piores índices é justamente o que tem maiores taxas de informalidade e de acidentes, dadas as suas características, que são de empresas de pequeno porte e informais. “É muito comum que essas empresas menores tenham dificuldade na aplicação das regras, ou mesmo não tenham a preocupação com SST e não forneçam ao trabalhador o treinamento adequado para que façam seu trabalho”, afirmou o economista.