Iniciativa pioneira da Fundação no uso do BIM ajudou na modelagem do empreendimento de alta complexidade
Foi a partir de uma provocação em uma conversa informal que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tirou do papel seus planos de implementação de BIM que, até ali, eram embrionários.
Era 2014, e o projeto da nova sede da entidade em Minas Gerais já estava previsto sem o uso da tecnologia. Um dirigente da entidade, em um bate-papo com membros do Departamento de Arquitetura e Engenharia da Fiocruz, colocou o pé no acelerador da implementação das novas ferramentas. “Ele pediu para contratarmos em BIM. Houve uma virada de chave muito importante ali. Já tínhamos pronto um termo de referência de contratação do projeto, e não era em BIM. Tivemos que nos virar para fazer uma adaptação. Não incluímos uma obrigatoriedade para as empresas que participaram da licitação, mas colocamos o desenvolvimento em BIM como bônus que acrescentava uma pontuação no momento da licitação”, explica a arquiteta Ana Paula Medeiros.
A escolha de acelerar o processo e projetar o novo prédio com a tecnologia valeu a pena. As vantagens do BIM se mostraram na modelagem de um empreendimento de alta complexidade. “Ter contratado em BIM tornou mais fácil o envolvimento de todos os intervenientes, facilitou o modelo de comunicação e trouxe muitos benefícios para esse projeto. É uma obra de grande complexidade, envolve laboratórios, biotérios, áreas para coleções, todo um setor acadêmico e administrativo específico”, contou a arquiteta Silvia Pereira.
A iniciativa na Fiocruz, por seu ineditismo, também enfrentou dificuldades no projeto. Os obstáculos trouxeram aprendizados que foram incorporados para os próximos empreendimentos em que a entidade utilizará o BIM. “Tivemos essas barreiras, como, por exemplo, saber como avaliar os modelos que recebemos. Ou entender como estavam sendo extraídos os valores de quantidade de material necessário para a obra. São questões complexas, ao mesmo tempo que a gente precisa capacitar a equipe toda. Já fizemos algumas alterações em editais, incorporando lições aprendidas”, afirma Pereira.
Mesmo que esse projeto inicial tenha sido marcado por alguns entraves, a modelagem foi concluída. No momento, a nova sede de Minas Gerais está em fase de obtenção dos licenciamentos, antes de obter o sinal verde para a execução da obra. Enquanto aguardam a liberação para começar, as arquitetas avaliam o processo com a certeza de que o caminho de adoção do BIM não tem volta. Tanto que o uso da tecnologia foi incluído em um conjunto de premissas que a entidade segue para todos os seus projetos, junto com flexibilidade e sustentabilidade, entre outras.
Desde 2015, a implementação de BIM na Fiocruz avançou de forma significativa, com uma série de importantes ações: “Desenvolvemos um laboratório de BIM e promovemos encontros com fornecedores, seminários, várias atividades internas de capacitação mais ampliada. Hoje a gente depara com algumas questões de como vamos conduzir esse trabalho daqui em diante. Nós somos uma área de suporte, não de atividade-fim da Fiocruz, não somos um escritório de engenharia. Ainda assim, fica cada vez mais claro para nós que temos de coordenar e fiscalizar esse desenvolvimento”, afirma Medeiros.