Os movimentos no Brasil para disseminação do BIM, que tem na CBIC um de seus principais atores, podem colocar o País no caminho de uma revolução que se espalha pelo mundo. O cenário internacional aponta a tendência de crescimento da utilização da tecnologia. Hoje, ela já é tratada como item obrigatório em construções de diferentes portes.
Iniciativas governamentais de países nórdicos como Finlândia, Noruega e Dinamarca, que lideraram a adoção da tecnologia em obras públicas quando ainda não era tão popular, foram decisivas para que o BIM se espalhasse e chegasse ao patamar atual. Os finlandeses usam a tecnologia desde 2001 para modelar obras, sendo que em 2007 uma das estatais do país já obrigava o uso do BIM em seus projetos. No mesmo ano, os noruegueses passaram a exigir a nova ferramenta para projetos do governo ou com aporte significativo de recursos públicos. E na Dinamarca também o uso do BIM se tornou obrigatório em empresas estatais e serviços públicos de construção.
Foi o pontapé inicial para uma onda mundial. Hoje há exemplos bem-sucedidos da utilização de BIM em obras públicas no Japão, Estados Unidos, Chile, Holanda e Cingapura, entre outros países. “O BIM começou a ser utilizado especificamente na área de edificações, depois sua abrangência foi ampliada para incluir obras de infraestrutura. E aí entra uma gama muito grande e variada, como estradas, pontes, túneis, barragens, hidrelétricas, portos e aeroportos”, exemplifica Eduardo Toledo Santos, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Toledo destaca que, mesmo com a tendência internacional de adoção do BIM, não há uma obra considerada como marco da utilização da tecnologia quando se trata da área de infraestrutura. “Os próprios padrões e conceitos ligados ao BIM para obras de infraestrutura não estão consolidados”, explica.
Ainda assim, a tecnologia tornou-se imprescindível para modelar grandes construções. Projetar obras complexas sem BIM é algo impensável atualmente. “Sem dúvida o BIM é uma forte tendência internacional. Em todas as obras maiores, que demandam um planejamento mais rigoroso, é um grande auxílio. É muito usado também para intervenções, como fazer um viaduto no meio da cidade, por exemplo. Isso tem impacto paisagístico, no trânsito. Há softwares específicos para prever isso”, afirma Toledo.
“Também é preciso destacar que o BIM tem papel importante em obras menores e menos complexas, porém repetitivas como no MCMV, UBS e lojas de varejo. Nesses casos, um estudo detalhado apoiado pelo BIM, não só do projeto como também para um planejamento minucioso e otimizado para a produção, permite obter economias significativas nos empreendimentos”, acrescenta o professor.
Otimista, Toledo vê com bons olhos as iniciativas brasileiras para acompanhar o cenário internacional e se juntar aos países nos quais a tecnologia está amplamente disseminada. Cita exemplos de obras como as de algumas estações do metrô de São Paulo, projetadas com BIM, para destacar que, apesar de alguns passos atrás dos pioneiros nórdicos, o País trilha o caminho correto e quase obrigatório da ampla adoção da nova tecnologia. “O Brasil vai ter de seguir por aí. Estamos vendo esse movimento já com projetos-pilotos de utilização do BIM, como o que temos no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e na Secretaria de Aviação Civil, entre outros”, afirma.