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Com o BIM você sabe exatamente o quantitativo de materiais, mesmo em obras de alto vulto. Isso gera confiabilidade no planejamento e minimiza muito a necessidade de aditivos contratuais, diz Talita Saito

Inovação traz segurança, transparência e precisão

Adotar o BIM para planejar e executar obras públicas garante controle mais eficiente do processo

Construções bem planejadas, que tornam mais fácil o trabalho de órgãos de controle e evitam as dores de cabeça nos longos processos de licitação. Parece um cenário utópico em um país com problemas históricos de transparência em obras públicas, mas, com a ajuda do BIM, ele pode se tornar realidade.

São inúmeras as vantagens na adoção da tecnologia, também, por quem constrói com recursos públicos. “A gente acredita que o BIM é uma ótima solução para vários problemas que temos vivido há muitos anos. Não é uma bala de prata, não vai resolver completamente todas as nossas questões, mas equaciona e melhora muito por ser um sistema baseado em informação. E informação organizada tem uma série de benefícios”, analisa Talita Saito, subsecretária de Desenvolvimento Produtivo, de Rede e Industrial do Ministério da Economia.

No 2º Seminário Internacional BIM CBIC – o BIM em Obras Públicas, promovido pela CBIC, em correalização com o SENAI Nacional, Saito ressaltou a possibilidade de, a partir da modelagem virtual dos projetos, “fazer mais com menos recursos”, já que o BIM permite a quem planeja a obra, por exemplo, saber o volume exato de cada material que será necessário para sua conclusão: “Isso dá transparência ao processo, uma primordial necessidade dos últimos anos. Todos os atores envolvidos podem rastrear facilmente essas informações”.

A abertura dos dados permite aos mecanismos de controle trabalhar de forma mais eficiente. Não à toa, os órgãos de fiscalização comemoram o avanço do BIM, com marcos como o decreto do ano passado que instituiu a Estratégia Nacional de Disseminação da tecnologia. “Todos os órgãos de controle estão bem animados com as questões do BIM para resolver problemas que nós temos para executar e controlar as obras”, afirma Saito.

Um desses obstáculos é a imprecisão dos orçamentos, o que causa um efeito cascata que abre portas para a corrupção. Funciona assim: faz-se a licitação para uma obra pública, e o vencedor anuncia que pode executá-la por um valor que, na verdade, não dá conta de cobrir todos os custos da construção.

Daí começa a sequência de aditivos ao contrato para acrescentar valores e viabilizar a execução da obra. Um processo que impacta os cofres públicos e, muitas vezes, não é transparente, o que gera oportunidades para desvios de verbas.

As características de uma obra modelada com a tecnologia BIM ajudam a combater esse problema. Por conta do planejamento minucioso que a ferramenta permite antes do início dos trabalhos, acrescentar valores ao orçamento original é algo raro. “Antes de mais nada, o BIM é uma potente ferramenta para aprimorar e otimizar o planejamento, a fase pré-obra. Com o BIM você sabe exatamente o quantitativo de materiais, mesmo em obras de alto vulto. O número de parafusos, tijolos… Isso gera confiabilidade no planejamento e minimiza muito a necessidade de aditivos contratuais. É muito difícil uma obra modelada em BIM precisar de acréscimos no orçamento”, explica Saito.

Ao dispor as informações de forma clara e aberta, o BIM dá aos gestores públicos a possibilidade de combater informações imprecisas e lacunas no planejamento por onde passa a corrupção. Para combatê-la, a tecnologia pode ser uma aliada decisiva.