Para o presidente da Comat/CBIC, disseminação do BIM é realidade no setor público do Brasil
O Brasil tem pela frente um caminho de boas perspectivas para a adoção do BIM em obras públicas. Nesta entrevista, o presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da CBIC, Dionyzio Klavdianos, faz uma análise do cenário nacional. Confira:
O compromisso com a adoção do BIM é uma realidade nos governos. Começou durante o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (com medidas para incentivar a implementação de ferramentas BIM no setor da construção), continuou no de Michel Temer (com decreto que implementou a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM) e agora prossegue. Há grupos especializados dentro do Ministério da Economia se envolvendo especificamente no tema. Eles propõem políticas para viabilizar o BIM e incluí-lo em obras em que há concorrência pública. Fora isso, há o DNIT, um órgão de suma importância que, de fato, está fazendo um trabalho forte nessa área. Estamos na fase de assimilação de uma inovação complexa. Primeiro é preciso internalizar essa cultura, preparar as secretarias, para depois chegar às obras. É um processo, e é por isso que talvez ainda não tenhamos tanta visibilidade. Mas que a disseminação dessa cultura de utilização do BIM está avançando, está sim.
A essência de um projeto executado em BIM é que todas as informações são arquivadas em um banco de dados virtual acessível a todos aqueles que estiverem habilitados. Você pode mudar a equipe que está envolvida no projeto, pode mudar a prioridade, mas tudo que for feito vai estar lá no banco de dados. E isso disponível para todos, desde quem está organizando o projeto até aqueles que vão fiscalizar. Isso dá muita transparência e agilidade.
Já faz tempo que a CBIC trabalha para a disseminação da inovação (veja as principais iniciativas em destaque nesta página). Temos tido no SENAI Nacional um parceiro estratégico e importante nesse esforço. O Seminário acaba sendo um aglutinador. Este ano tivemos mais de 450 inscritos - no ano passado foram cerca de 200, o que demonstra o interesse cada vez maior pelo assunto no setor da construção. O Seminário é importante não só pelo conteúdo, mas também pelo encontro das pessoas envolvidas com o tema, que debatem entre si, sugerem novas parcerias. O evento tem grande importância por todas essas questões.
Temos um roadshow que já está acontecendo, no qual vamos nas cidades e explicamos o que é a inovação. Também estamos finalizando um novo projeto que é o BIM Colaborativo, em Brasília, numa parceria com SENAI Nacional, Sebrae do Distrito Federal e desenvolvedores de software. É um projeto em que esses desenvolvedores coordenados por uma consultoria especializada que contratamos estão capacitando profissionais de 16 empresas de construção e projetistas a escolher a melhor opção de software. Ao final, essas empresas estarão aptas a utilizar e usufruir do BIM. Fechando o projeto-piloto, vamos expandir para outras cidades do Brasil. Outro projeto que queremos lançar é o BIM nas Prefeituras, para dar mais informações sobre o BIM para os governos municipais e difundir ações tomadas por eles em favor da inovação.
Vou reforçar o que disse porque é um importante sinal: a política de implantação já dura três mandatos, e cada vez cresce mais. Inclusive, no Seminário, um dos painéis foi apresentado pela Talita Saito, responsável por este trabalho no governo federal, sobre como o governo vai acelerar a disseminação do BIM no Brasil. Está se encaminhando bem, portanto. Sem contar que eu tenho visto consultores importantes de BIM trabalhando com o governo, seja no Ministério da Economia, seja em órgãos como o DNIT.
Maior interação entre os diversos segmentos que compõem a cadeia do BIM. O projeto do BIM Colaborativo é um bom exemplo do impacto dessa interação, e, por envolver construtores, projetistas, desenvolvedores e universidades, tem um potencial de disseminação espetacular, democratizando o conhecimento. Ajuda a fomentar o conhecimento e quebrar tabus. Fala-se muito que um dos entraves na disseminação do BIM é o custo, mas temos visto que o custo não é tão pesado assim para as empresas. Então, uma maior interação entre a cadeia é muito importante.
Nós temos buscado muito, na CBIC, conhecer políticas de implementação do BIM de outros países. Começamos a nos familiarizar com o que o Chile está fazendo, depois Reino Unido e França. Em nossos seminários, procuramos trazer personalidades de outros países envolvidas no tema, para discutir o que está acontecendo lá fora. Adicionalmente, estimulamos a criação do BIM Fórum Brasil, inspirados também pelas iniciativas de fóruns que acontecem em mais de 40 países. Esses fóruns organizam todos os segmentos da cadeia e são responsáveis por ditar, lançar e coordenar tudo o que diz respeito à metodologia BIM.
O projeto-piloto do BIM Colaborativo nos mostrou que o custo da implantação do BIM numa empresa pequena ou média não é um entrave relevante. Isso porque o BIM permite um impulso grande na qualidade do trabalho, ajuda a racionalizar os processos e a disponibilizar tempo para que os técnicos possam cuidar do conteúdo do projeto. Mas a adoção correta da inovação radicaliza a necessidade de gestão organizada. Uma empresa que tem, em sua cultura, a coordenação de projetos, vai potencializar o uso do BIM. Então, o que eu falo de coordenação de projeto: você vai fazer um empreendimento, então você tem projeto de estrutura, de instalação, de arquitetura… Se a empresa já tem tudo isso, o BIM vai ajudar muito mais. Então o custo, para quem já tem uma cultura de organização básica, não é entrave, pois o retorno do investimento é muito significativo.
CBIC atua para disseminar tecnologia há mais de três anos. Relembre as principais iniciativas:
Lançamento da cartilha “10 Motivos para Evoluir com o BIM”
Lançamento da “Coletânea Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras”, composta por 5 volumes
Missão técnica vai ao Chile para conhecer políticas de implementação do BIM no país
Primeiro Road Show BIM CBIC realizado em Belo Horizonte (primeiro ciclo de eventos abrange oito estados)
Começa o segundo ciclo do Road Show BIM CBIC, que passa por seis estados
Iniciados trabalhos nos grupos Ad-Hoc do Comitê Estratégico de Implementação do BIM, coordenados pelo Governo Federal e com participação na Missão Técnica BIM ao Reino Unido
Primeiro Seminário Internacional BIM CBIC realizado em Brasília
Lançamento da Estratégia de Implementação do BIM do Governo Federal no Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC)
Começa o terceiro ciclo do Road Show BIM CBIC, abrangendo três estados
Início do projeto-piloto BIM colaborativo, envolvendo 16 empresas, construtoras, projetistas, consultoria especializada e os principais desenvolvedores de software do Brasil
Segundo Seminário Internacional BIM CBIC realizado em Brasília