Tarvo Savolainen, da Finnish Transport Infrastructure Agency (FTIA), destacou iniciativas de adoção da tecnologia em seu país
Abertura completa dos dados e padronização para que “todos falem a mesma língua”. Não foram poucas as vezes em que Tarvo Savolainen, especialista-chefe em BIM da Finnish Transport Infrastructure Agency (FTIA), a agência finlandesa de infraestrutura do transporte, bateu nestas duas “teclas” em sua apresentação no 2º Seminário Internacional BIM CBIC – O BIM em Obras Públicas.
No evento, promovido pela CBIC, em correalização com o SENAI Nacional, Savolainen apresentou o caso da Finlândia, pioneira na utilização de BIM em obras públicas e, mais especificamente, na adoção da tecnologia para modelar, executar e manter empreendimentos de infraestrutura. A transparência total com todos os atores do processo, para que possam colaborar e dialogar desde o projeto até a execução, ajudou os nórdicos a se consolidarem como uma referência no uso do BIM. Estabelecer padrões de utilização é o caminho para o futuro, já que a área de infraestrutura ainda se adapta à nova tecnologia. “Queremos que todas as etapas sejam adaptadas para BIM. Há sempre problemas quando você vai do design à construção, e vários deles são abordados, mas a informação flui da melhor forma por todo o ciclo quando se utiliza o BIM desde o design e planejamento até a execução. Sabemos que há muito ainda a ser feito, mas o BIM na Finlândia já avançou bastante”, destacou o painelista.
Responsável pelas rodovias, ferrovias e hidrovias do país, a FTIA exige a utilização do BIM em projetos desde 2014. Em 2017, publicou as diretrizes sobre a adoção da tecnologia, dando o primeiro passo para a padronização defendida por Savolainen: “São três fatores importantes estabelecidos para chegarmos a um formato totalmente aberto: o sistema de classificação, determinando a terminologia que todos deveriam seguir; os requisitos de BIM para infraestrutura, que delineia como trabalhar com BIM; e as trocas de informação”.
O cuidado ao lidar com os dados, seja pela preocupação em abri-los sem restrições, seja pelo esforço de torná-los claros, utilizando padrões previamente estabelecidos, é uma forma de construir o conhecimento sobre a ferramenta e compartilhá-lo. “Nós padronizamos a estrutura para informação, documentação e transferência de dados. Você tem que saber exatamente como é feito para que a informação seja passada a frente”, ressalta Savolainen.
A partir do cumprimento dessas diretrizes, a Finlândia constrói um ciclo de produção de conhecimento, em que todos os agentes contribuem para um projeto e, assim, fazem a adoção do BIM se tornar mais eficiente, em um processo de desenvolvimento que se torna útil para os próximos empreendimentos. “Temos de trabalhar com informação que seja fácil de ser utilizada. Estamos lidando com muitos setores, empreiteiros, empresas de manutenção. Na próxima fase, o ator pode ser muito diferente do anterior. Queremos enriquecer nossas ferramentas de informação durante todo o ciclo. Quando chega à fase de manutenção, a informação que foi enriquecida deve ser usada para o próximo planejamento”, afirma Savolainen.